Projetos apoiados pela instituição se reuniram na Fiocruz e na Providência para avaliar ações até aqui
Por Carolina Vaz
Fotos de Anísio Borba
O CEASM participou, no dia 1º de julho, do evento 54x Favela: Parcerias em Defesa da Vida, promovido pela Fiocruz, reunindo projetos apoiados pela Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à Covid-19 em Favelas do Rio de Janeiro. Um dos projetos é o “Maré do Bem Viver: direitos, cuidado e cidadania”, executado pelo CEASM e representado na ocasião pelo diretor Luiz Antonio de Oliveira, a coordenadora do projeto Bruna Gabriela Oliveira e a jornalista Carolina Vaz. O evento teve apresentação da MC Zuleide, do Morro da Babilônia, e abertura do coral Liga do Bem, da Vila Cruzeiro, que cantou o Hino Nacional.
A mesa de abertura foi composta por Nísia Trindade, presidente da Fiocruz; Richarlls Martins, coordenador executivo do Plano Fiocruz de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas; Carlos Frederico Leão, vice-reitor da UFRJ; Marcelo Burgos, representante da PUC-Rio; Isabela Santos, representante da ABRASCO; Janete Nazareth, coordenadora do Coletivo Mulheres do Salgueiro / São Gonçalo; André Ceciliano, deputado estadual e presidente da ALERJ; Cláudia Gonçalves, representante da UERJ; e a deputada estadual Renata Souza.
Os números da ação coletiva
Richarlls Martins apresentou alguns números referentes aos projetos. No total, são 42 projetos em execução e 13 que ainda vão se iniciar, concentrando o total de 5,5 milhões de reais investidos. Tratam-se de recursos do Fundo Especial da ALERJ à Fiocruz, garantidos pela Lei 8972/2020 e executados pela Fundação. Além do Rio de Janeiro (capital), os projetos estão em outros municípios: Angra dos Reis, Petrópolis, Duque de Caxias, Queimados, São Gonçalo e Niterói.
Até agora, os projetos beneficiaram cerca de 100 mil pessoas. Cerca de 80% deles atuam no enfrentamento à pobreza; 40% têm atuação direta no campo da saúde mental; e 75% estabeleceram parcerias com universidades e instituições de pesquisa. Veja mais números.
Parcerias em prol dos desafios atuais
Logo após os números, seguiu-se a fala de Janete Nazareth, representante de um dos grupos apoiados, que destacou serem esses recursos a execução de uma lei, portanto uma forma de política pública, que contou com a organização de coletivos e movimentos sociais para executar os recursos da melhor maneira. Ela ainda frisou que, desde o início da pandemia, a solidariedade ficou acima do isolamento social para a população de favela: “Nós fomos os primeiros a dar a mão. Dividindo o pão, o feijão, o arroz”. Mas a crise econômica se aprofundou e é preciso mais política pública para resolver problemas que se agravam, como a fome: “As pessoas precisam deixar de comer osso”.
Os representantes de universidades e instituições de pesquisa destacaram a parceria da Academia com as organizações e coletivos de favelas, como um caminho sem volta. Para Marcelo Burgos, da PUC-Rio, esse estreitamento de relação se tornou necessário com a pandemia, mas ainda é pouco para fortalecer o trabalho cooperativo. Cláudia Gonçalves reconheceu que os “espaços não formais de conhecimento” produzem soluções que as universidades não são capazes de produzir. Ela ainda destacou que a Chamada Pública promoveu a união das universidades, parlamento do estado, Fiocruz e movimentos sociais enquanto o governo federal ainda ignorava a pandemia.
A deputada Renata Souza, moradora da Maré, fez alguns destaques quanto ao edital e a execução dos projetos. Para ela, a seleção da Chamada teve uma atenção à especificidade de cada favela, e o processo de seleção ocorreu de modo a desburocratizar o acesso a um edital, facilitando a aplicação dos coletivos através de lives, por exemplo. Apesar do sucesso do programa, ela afirmou que o enfrentamento aos efeitos da pandemia nas favelas deveria ser uma política de Estado.
Por fim, Nísia Trindade comentou que a Fiocruz tem uma atuação histórica junto a favelas, principalmente Maré e Manguinhos, mas que se ampliou com a Chamada. Ela frisou que, apesar do fim próximo do aporte de recursos para projetos que já cumpriram seu tempo de execução, é preciso pensar uma maneira de continuar, como uma aliança de setores da sociedade. Destacou, ainda, que o protagonismo deve ser das instituições e coletivos das favelas: “Hoje não cabe mais um olhar de fora, é preciso construir junto com quem atua no dia a dia”. Logo após, a presidente da Fiocruz assinou o termo de instalação do Comitê de Monitoramento do Plano Fiocruz de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas. Houve ainda um momento de Tribuna Aberta no qual os projetos falaram um pouco sobre si e seus desafios, e essa parte do evento finalizou com nova apresentação do Coral Liga do Bem.
Visita e novos planos na Providência
A segunda parte do 54x Favela se deu no Morro da Providência. O grupo, composto por dezenas de pessoas, encaminhou-se de ônibus para a favela. Lá, após o almoço na Arena Samol foi realizada uma visita guiada passando por pontos como a estação do teleférico, a Igreja Nossa Senhora da Penha e o Mirante da Providência. Depois, todo mundo se reuniu de novo na Arena e se dividiu entre 5 grupos de trabalho: Proteção Social, Trabalho e Renda, Educação, Comunicação e Saúde Mental. O objetivo foi traçar planos de ação, dessa vez unindo os diferentes projetos, visando a continuidade das ações, e cada plano foi apresentado ao final do encontro.
Veja mais fotos do evento:
Imagem 1: Finalização da primeira parte do evento, na Tenda da Ciência, Fiocruz.
Imagem 2: Na visita, o grupo conversou sobre alguns dos espaços históricos da Providência.
Imagem 3: Momento final do encontro, com apresentação dos planos de ação.
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